quinta-feira, 26 de março de 2009

TUD, MENOS A ESPERANÇA!!!!!

Para as pessoas que não me conhecem, meu nome é Claudia. Conheci o Rodrigo, lá no grupo do orkut, "O Segredo de Brokeback Mountain". Lá, conheci sua linda, e às vezes trágica, doce, louca, e intensa história de amor. Uma das coisa que mais de chamou a atenção para ela, foi a amizade, o carinho e a esperança.

O Rodrigo sempre depositou muita esperança nessa relação, de amizade e de amor. E o Leo, nos conquistou com sua demonstrações de determinação e coragem. Tudo o que aconteceu não seria nada sem a esperança de tudo se ajustar, se acertar, se encaixar. E é isso que quero que vocês agarrem, pois o ditado é mais que verdadeiro. Depois que a esperança se vai, não resta mais vida!

Então, um pouquinho de mim mesma, pra vocês...


Sem Todas as Coisas

Sem o sol, tenho a lua
Sem a lua, tenho as estrelas
Sem as estrelas, tenho as nuvens
Sem as nuvens, tenho o mar
Sem o mar, tenho a terra
Sem a terra, tenho as palavras
Sem as palavras, tenho a melodia
Sem a melodia, tenho o olhar
Sem o olhar, tenho as mãos
Sem as mãos, tenho o sonho
Sem o sonho, tenho a esperança
Sem a esperança...
Não tenho mais nada.



beijos enormes de estréia no pedaço
Clau

sexta-feira, 20 de março de 2009

Léo and Me carnaval e N coisas Fim.


Aquela segunda feira não lembrava em nada o domingo que a antecedeu, é bem verdade que o calor insuportável permanecia, a casa estava quieta, e meu quarto tinha um aspecto sepulcral, mas em mim, e somente em mim, algo gritava em demasia.


Olhei em volta e não reconheci meu quarto, nada do que tinha ali me despertava qualquer sensação familiar, parecia que não me satisfazia mais aquele bando de coisas.


Desci as escadas de madeira calmamente, meu pai e a Cláudia tomavam café em silêncio, um em cada extremidade da mesa de 8 lugares que minha mãe havia feito em um marceneiro que já havia morrido, vira e mexe a Cláudia pensa em vender aquilo que ela chama de “ elefante branco”, e se não fosse por mim, meu pai com certeza já teria permitido que isso acontecesse.


Passei por eles e esbocei um bom dia que não houve resposta, fiquei um tempo olhando a geladeira e pensando, não havia nada que me interessasse, retirei a caixa de leite, peguei uma travessa no armário branco que fica em cima da pia, misturei o leite com o cereal de milho, sentei me na mesa, peguei duas bananas da fruteira que estava no centro do “elefante branco”, fiz minha mistura e peguei o segundo caderno do jornal o globo que se esparramava sobre a mesa.


Eu sentia que era observado por dois pares de olhos, mas ainda assim, não retirei minhas vistas do jornal, que pra dizer a verdade não havia nada de interessante.


Acabei enjoando de fingir que lia algo.



- Ta ok gente, aconteceu alguma coisa?



Disse isso assim, na lata, e se fosse impressão minha e ninguém estavivesse realmente me olhando, no máximo iam pensar que eu estava doido.



- A Vanessa ligou.



Meu pai disse isso, depois retirou os óculos e enxugou as vistas demonstrando cansaço.


Engoli a seco.



- E o que foi que ela disse?


- Queria conversar com você, eu disse que você não estava, e ela acabou conversando comigo...


-... E o que vocês conversaram?


- Na verdade, eu mais ouvi do que falei, eu tava com, humf, eu estava com vergonha.


Minhas mãos começaram a escorregar da colher, o suor que descia de minha testa era frio, minha garganta estava seca, nem todas as colheradas de cereal que ingeria loucamente conseguiam acabar com aquela sensação de cansaço



- Sabe Rodrigo, tudo o que eu menos queria nessa vida era estar tendo essa conversa com você.


- Que conversa pai? Até agora eu não estou entendendo nada do que o senhor está querendo me dizer.



Não pensem que sou falso, ou dissimulado, é óbvio que eu sabia o que viria por ai, mas eu era o que menos queria que meu pai tivesse “essa conversa” comigo.



No meio do meu discurso, um pigarro forte e insistente permanecia.



- Henk, Henk...


- Você fica na sua hein Claudia.


- Quem tem que ficar na sua é você, fazendo seu pai passar vergonha!


- Que vergonha que eu fiz ele passar.


- Que vergonha Rodrigo? Se ainda tem coragem de negar...


Meu pai foi ficando vermelho.


- Você trocou sua namorada por aquele marmanjo...


- Arthur, calma você vai passar mal.



Meu pai sentou-se na cadeira novamente, eu fiquei em pé, chorando feito um idiota, acabei sentando também.



- Cada dia que passa eu não vejo mais isso aqui como casa, e nem o senhor como pai, tem um monte de estranhos aqui...


- A porta da rua é a serventia...


- Você pensa que eu não tenho pra onde ir? Eu nunca pensei que o senhor fosse falar isso, eu não to fazendo mal a ninguém entendeu, mal a ninguém!


- Só a você mesmo, e a todos a sua volta, da mesma forma que você iludiu a Vanessa, você cai iludir o Leonardo! Eu não te entendo.



- Pode ficar com a sua casa, pai, eu to indo nessa!


- Se for não volta!


- Pode deixar!



Olhei pros olhos da Claudia, por um minuto eu vi ternura, pena, arrependimento.



Sai da cozinha com o choro do meu pai nos meus ouvidos, um choro preso, um choro infantil que não combinava em nada com a figura dele, aquilo me bateu uma dor, tão grande, tão intensa, que tudo o que eu queria era abraçá-lo, dizer que o amo.



A Claudia também chorava, de repente todos se tornaram mocinhos, e eu virei um grande vilão...



Entrei naquele quarto e peguei a maioria das minhas coisas, taquei tudo em bolsas e mochilas, em uma hora eu estava descendo as escadas, a sala estava vazia, fui em direção a porta, a Julia veio correndo e se agarrou em minhas pernas, a Cláudia, beio pega-la.



- Rodrigo, esfria essa cabeça.


Eu olhei bem nos olhos dela, que se manteve firme, e continuou o contato visual comigo.



Abri a porta.



- Pela sua irmã, não vai...




Segui meu rumo sem saber pra onde estava indo, sem saber de nada, passei em frente à casa de uma vizinha, que me viu crescer, contei uma versão da história, a minha versão da história, ela pediu que eu deixasse as coisas ali para que eu pudesse esfriar a cabeça.



Agradeci, por seu gesto.



Peguei uma mochila e coloquei algumas peças de roupas, meu destino era não ter destino, eu estava sem rumo, pensei em ir pra casa do Léo, mas ai eu ia alimentar mais os comentários lá de casa, e essa desconfiança certeira, ia aumentar.



Acabei ligando para um amigo que havia tempo que não procurava, sabia que o Ygor estava morando sozinho em Santa Tereza, e sabia que ali eu teria um abrigo pra pelo menos pensar um pouco melhor.




- Alo, Ygor?


- Alô, quem é?


- Sou eu muleque, o Rodrigo.


- Rodrigo, Rodrigo... Digo?


- Isso ai.


- Caralho cara, quanto tempo hein muleque...


- Verdade, cara, antes que você pense que eu só te procuro quando preciso, e já que nesse caso isso é verdade, será que eu poderia ficar uns dias ai na sua casa?


- Hã? Claro, pô, mas o que foi que aconteceu?


- Cara é uma história longa, quando chegar ai eu te conto, pode ser?


- Já é Mané, se sabe o ônibus que pega né?


- Sei sim...


- Então, cara, vai andando até a Petrobrás, depois só pegar o bonde e você, ta aqui!


- Valeu Ygor, brigado cara.



Desliguei o telefone, e fui andando pro ponto de ônibus, o calor como já disse estava insuportável, todo o meu dinheiro se resumia em 63,00 R$, eu até tinha um pouco mais na conta, mas ia ficar lá até que eu resolvesse tudo isso.



Cheguei na casa do Ygor, a sala era bem arejada, tinha uma janela imensa, umas almofadas no chão, um sofá laranja, um gato malhado descansava no gelado piso de madeira, mesmo sendo a casa de um muleque, até que era bem arrumada, e tinha uns panos no sofá que davam um aspecto de “casa da vovó”.



O Ygor atendeu a porta, expliquei tudo pra ele, que disse que eu poderia ficar o tempo que precisasse mas que se passasse de dois meses ele ia me cobrar metade do aluguel, falou isso rindo mas eu sei que era sério e eu sei que era justo.



Depois que o Ygor deu uma saída eu liguei pro Léo.



- Léo?


- Fala filho, tudo bem?


- Nem ta tudo bem Léo...


- O que foi que houve? Onde se ta?


- Cara discuti feio com o meu pai véio, to na casa do Ygor.


- Que Ygor? Ah ta beleza. To indo pra ai.



20 minutos depois ele apareceu, boné preto, bermuda branco, um tênis adiddas com listras pretas, e uma blusa gola pólo amarela.


Aquele abraço apertado, estava sendo uma das coisas que eu mais precisava nesse meio tempo.



Sentamos no sofá, e ficamos um tempo quietos, eu comecei a chorar pra variar, o Léo ficou com as mãos no rosto, me olhando com uma cara de compaixão.



- Tive uma briga feia com meu pai cara. A Vanessa ligou pra lá e disse que eu tinha terminado com ela pra ficar com você...


- Putz!


- Daí meu pai, começou a falar milhões de coisas, e pra mim não ter que discutir este assunto, decidi sair de casa.


- Sei nem o que dizer brother. Arruma suas coisas, vamos lá pra casa.


- Não Léo, prefiro não dar motivos pra que rolem mais comentários e tal. Sem contar que daqui a pouco é seu pai que começa a falar as coisas...


- Rodrigo, meu pai e meu irmão já sabem de tudo.



Fiquei um tempo em silencio, meus olhos fitaram o sofá alaranjado, meus pés começaram a deslizar pelo piso de madeira, o suor havia voltado, meus braços descansavam em minhas pernas abertas.



- Tive que contar pro meu pai, não agüentava mais ter que mentir pra ele.



Quieto eu estava e assim permaneci, não sabia o que dizer, sentimentos estranhos, que eu quase nunca sinto, de repente vinha correndo em direção a minha índole. O Léo entendeu o meu silencio como um “pode continuar”, e foi o que fez.



- Uns dias antes, de a gente viajar pro Sul, eu fui falar com meu pai, entrei na sala dele, e o Caio (irmão do Léo) estava lá, na hora eu hesitei em ter essa conversa, mesmo ele sendo meu irmão mais velho, sei que é mais difícil de entender as coisas, mas mesmo assim eu disse, falei que continuava sendo o mesmo, só que tava apaixonado por você e que nós estávamos namorando.



Eu até tentava falar, mas as palavras simplesmente não vinham, dentro de mim eu sabia que deveria estar feliz, mas isso também não acontecia.



- O Caio como eu previ não levou muito bem, saiu batendo a porta, meu pai abaixou a cabeça, e depois perguntou o que ele podia fazer.



- “O que eu posso fazer Leonardo? Você é maio de idade, trabalha, assume suas responsabilidades, nunca me deu dor de cabeça, é claro que isso não deixa nem um pai feliz, mas o que eu posso fazer? Mas eu só vou te avisar uma coisa, se algum amigo meu vier me contar que te encontrou no calçadão, vestido de mulher e usando peruca, eu juro que te mato.” Eu comecei a rir na hora digo, meu pai riu também.


- “Pode rir, mas eu to falando sério!”.



- Um dia antes da gente partir, o Caio entrou no meu quarto e disse, que nunca ia aceitar isso, mas que ia aprender a conviver, só por que a gente era irmão e não sei mais o que, perguntou quem comia quem, eu disse que a gente ia meter a porrada nele, o clima ficou ameno, mas eu tenho certeza que ele vai sempre soltar alguma piada e tudo o mais.



- Por que você não me contou isso antes?



- A primeira coisa que pensei em fazer quando sai do trabalho foi te ligar, te dar a boa noticia, dizer que nós não precisávamos mais ter medo, que dali pra frente seria tudo mais fácil. Só que depois eu pensei que não seria legal, eu ia acabar te pressionado, e sem querer te influenciar a fazer uma besteira, e sei lá ir te ajudando a conversar com seus pais, aos poucos.



Dei um abraço nem forte no Léo, eu percebi naquele momento, que o amava mais que tudo, me deu uma dor forte no peito, ficamos assim, por um bom tempo.



O Léo dormiu na casa do Ygor aquele dia, na manhã seguinte, tomou café com a gente.




- Eu tinha certeza que você ia dormir aqui Léo.


- Por que Ygor?


- por que tu tem ciúme do Digo né...



O ataque de riso foi geral, o Ygor foi trabalhar, o Léo só volta no dia 31 desse mês, na quarta feira, um dia antes do meu niver, eu voltei pra casa.




Meu pai chegou de carro na casa do Ygor, a gente conversou, e eu acabei indo de colta a meu lar, entrei no quarto minhas coisas estavam todas lá, meu pai deve ter pego na casa da vizinha.


A Claudia me ajudou a dar uma geral no quarto.



Fiquei horas na internet aquela quarta feira, eu tinha certeza que o Léo a meia noite ia me ligar, ou vir aqui em casa, era meu aniversário, ele sempre fazia isso.




Duas horas da manhã e nada do Léo dar sinal de vida, toda hora eu atualizava a caixa de entrada do meu e-mail, ouvia toques inexistentes de telefone, fiquei andando de um lado pro outro, fui até a cozinha, bebi água mesmo sem ter vontade, liguei e desliguei a televisão, voltei pro quarto, tentei ler um livro, acabei pegando no sono...



A quinta feira do dia 12 de março estava linda, eu tinha oficialmente 22 anos, desci as escadas morto, havia dormido mal, uma dor nas costas do cão, peguei uma maça e voltei pro quarto, não tinha ninguém em casa, voltei pro quarto e tomei um banho frio, fiz algumas flexões, ouvi musica alta, escrevi um monte de coisas, sai de casa, dei um role no calçadão, quase que eu entrei no mar, mas não era pra tanto, voltei pra casa, era umas 14:00. não tinha ninguém em casa, nenhuma chamada perdida em meu celular, nenhum SMS, nenhum e-mail, nada...



Comecei a pensar que estava pagando por todos os meus pecados, ( shaushashu), fiz um ovo frito e comi com pão Frances e guaraná Antarctica, 16:00 horas e nem a Cláudia aparecia em casa, pensei em me arrumar e sair, sei lá, dar mais uma volta, ir ao parque lage, correr um pouco, fazer qualquer coisa, menos ficar ali curtindo aquela fossa.



Acabou que não fiz nada disso, subi as escadas e continuei lendo um livro chamado “ Os contos de Beedle o Bardo” é da J.K. Rowlling, eu até já havia lido, mas como não tinha muito o que fazer, decidi encher-me com aquela deliciosa cultura inútil.



As 19:00 horas meu celular toca, olhei pela janela, e lá estava o carro do Léo, fingi que não vi, e atendi o telefone.



- Alô.


- Rodrigo...


-... E ai, ta aonde.


- para de ser seboso, que eu ti vi ai na janela.


Eu ri


- Sabe que eu to boladão com você né?!


- Por que? Eu que to boladão com você!



Será que o Léo tinha esquecido meu niver?



- Hã? Nada Léo, por nada.


- Vai descer ou não vai?


- Vou não!



Escutei de longe o barulho do carro cantando pneus, não entendi nada, fiquei mais bolado ainda, fechei a droga do livro, e não tinha ninguém em casa, será que meu pai decidiu sumir logo no dia do meu aniversario?



Fiquei na sala, deitado no sofá, pensando milhões de coisas, as luzes estavam apagadas, voltei pro quarto, e me arrumei, eu ia dar um role, sei lá ir a lapa, o que eu não queria era ficar ali daquele jeito, quando to acabando de dar um jeito no meu topete com gel, o telefone toca de novo,



- Rodrigo?


- Oi....


- É a Vanessa!


Mudo.


- Eu sei que você deve estar morrendo de ódio de mim, mas eu não agüentei e contei pro seu pai...


- Ta beleza, eu não tenho ódio de você, eu entendo o mal que te fiz...


-... Cara eu gosto tanto de você, mas sei que você e o Léo, combinam, mas tu num imagina como essa sensação é ruim.


- Sei nem o que te dizer.


- Não, precisa falar nada, feliz aniversário!


- Obrigado.


- Posso passar ai pra te dar um abraço?


- Eu to de saída.


- Entendo, vai sair com o Léo?


- Não, vou a lapa, ta afim de ir?


- Pô não vai dar, hoje eu vou sair com meu namorado.


- Ah se ta namorando?


- Uhum...


- legal.


- Mas você vai passar seu niver sozinho?


- fazer o que...


- Se tivesse comigo...


Risos em conjunto.


- Palhaçada, digo, outro dia eu vou ai então.


- Já é Van!



Desliguei e me senti bem, foi legal as coisas terem acabado dessa forma, até percebi uma brecha para sermos amigos pelo menos.



Eram 21:00 quando meu pai chegou, ele Cláudia e Julia dormindo, me deram os parabéns, meu pai e a Cláudia me deram uma camiseta, e trouxeram uns brigadeiros grandões desses que vendem em shopping.



Perguntei onde eles estavam a Cláudia tinha ido à casa de uma prima, e meu pai tava trabalhando.




Fui saindo de casa em direção ao ponto, dei meia volta, eu tinha que saber o que estava havendo com o Léo, chega de dar uma de pirracento, todos me diziam que eu ia acabar perdendo-o, e sem contar que eu não estava em posição de me fazer de bonzinho.



Toquei a campainha algumas vezes, ele veio atender, estava de all-star, uma calça jeans, surrada, sem blusa, entrei, e ele estava assistindo televisão.



- Vai sair?


- Eu ia à lapa.


- Fazer o que lá?


- Comemorar meu aniversário.


- Legal.


- Como assim legal?


- Quem é Deryck?


Fiquei sem reação, sem saber o que dizer...


- Anda, fala quem é Deryck.


- Deryck é o catinha que a gente conheceu no sábado.


- Que a gente conheceu uma ova, que você conheceu.


- É, mas você também o conheceu.


- Não tanto quanto você, pelo menos ele nunca me mandou nenhum e-mail.



Subiu as escadas e voltou com duas folhas, começou a ler os e-mails que troquei com o Deryck.



- Não acredito nisso, Léo... Você leu meus e-mails.


- Para, você também tem a senha de todos os meus e-mails.


- Mas eu nunca entrei em nenhum deles, você que fez questão de me dar só pra ter as minhas.


- Não importa, cara, você tem noção do que você faz? Você tem noção das coisas graves que você faz, e pensa que são coisas normais e aceitáveis. Eu já até sei que você vai começar a soltar milhões de lágrimas de crocodilo, e depois vai ficar mal esperando que eu o console.


Mas hoje vai ser tudo diferente, eu não quero mais ser enganado, sabe cara, hoje faz 7 anos que a gente se conhece, e aos poucos eu percebo que quase não o conheço.



- Eu ia te contar isso tudo amanhã, eu não ia esconder isso de você, pode ter certeza, nesses e-mails não tem nada de mais, são coisas banais.


- Aqui não tem nada de banal, só diz que a noite foi maravilhosa, e você dizendo que tinha adorado conhecê-lo.



- Antes que você pense mil coisas, eu só beijei esse cara, da mesma forma que você fez com a menina lá em Chapecó.



Ele ficou assustado, me olhou com dois olhos de coruja.


- essa é a diferença Léo, eu não comentei com você por que sabia que aquilo não significava nada pra você era tesão apenas. Você pensa que eu não via você saindo de mansinho, eu sofria é claro, mas sabia que se voltaria e que ficaria tudo bem, eu não sou forte, eu me faço de forte.



- Jamais ia comentar isso com você, mas enfim...



- É diferente Rodrigo.


- É, eu sei, no meu caso teve e-mails, no seu não.


Ficamos em silencio por horas, esse foi meu aniversário, estamos juntos, mas a situação não está como antes.



Ultimamente fui bombardeado com uma quantidade imensa de criticas, gostaria de dizer que sou um humano, é claro que entendo que os leitores, ou espectadores, que seja, tem por hábito, para ficar mais fácil o entendimento de uma história, de classificar os personagens da mesma, como mocinhos, e vilões, mas antes de tudo, gostaria de dizer que isso não é uma história, isso é a minha vida que estupidamente tenho a coragem de compartilhar com vocês, não existirá um fim até que eu venha a falecer já li que sou um bom autor de novelas, e que fico guardando o clímax para os próximos capítulos, mas isso não é verdade, eu fico horas aqui escrevendo e mostrando pra vocês, e tentando mostrar pra mim que nada é fácil nessa vida, as histórias de amor acontecem, mas não são contos de fada.


Se eu estou sendo o vilão, ou o mocinho, depende da opinião de cada um.


Como disse sou um ser humano com todas as minhas complexidades, por favor, me entendam!



Obrigado por estarem comigo, em breve trago mais noticias.



* A Claudia é mais uma colaboradora do nossas coisas, Hoje a noite ela entra oficialmente, Seja bem vinda!







quarta-feira, 18 de março de 2009

Léo and Me Carnaval e N coisas! II


...Doendo de uma forma inexplicável, não era uma enxaqueca comum dessas que tenho aos montes, era uma dor crucial, uma dor independente, veio para me punir, e essa dor trazia em seu discurso, além de desconforto e dor, a promessa de que seria apenas o inicio das minhas verdadeiras dores de cabeça.
O Deryck, era uma pessoa que eu precisava conhecer, gentil, educado, bem sucedido e inteligente, nenhum pouco estereotipado, não vou ser hipócrita, ele mexia comigo, mexeu e continua mexendo.

Acordei aquele dia e o vi dormindo, fiquei um tempo pensando, é por que mesmo que vocês pensem que sou um acéfalo, eu penso, penso bastante, mas as vezes, e acho que isso ocorre com todos, o que fazemos, não é na verdade o que deveríamos ter feito, sei que isso pode ser um pouco louco demais, mas é o que acontece, infelizmente!
Acabei acordando-o, disse que estava de saída, ele pediu para que ficasse, que tomássemos café, e que eu fosse com ele até o aeroporto, naquele domingo ensolarado, eu tinha todo o desejo de dizer sim, e sinceramente eu gostaria muito de ter dito, porém, dentro de mim, alguma célula cheia de diplomacia e inteligencia forçou-me a declarar que não podia, ir com ele.
Essa mesma célula, me dizia, que aquilo ali não era novidade alguma pra mim, tudo o que ele me aparentava, eu já conhecia de fato, tudo o que ele poderia me oferecer nesse meu crescimento de alma, eu já tinha com o Léo.
Toda educação, inteligência,atenção, masculinidade e conforto, eu já havia encontrado, anos atrás...
Me levou até o taxi que em 10 minutos me deixaria em frente casa.
Os 50,00 R$ que ele havia dado ao taxista serviram para pagar a corrida, os 35,00$ que sobraram eu transformei em gorjeta, o senhor de bigodes deu um sorriso largo, e ainda me desejou um bhom dia.
Cheguei em casa e meu pai estava na sala, vestindo uma camisa do fluminense lia calmamente o jornal “O Globo”, a Julia brincava no carpete, sentei na poltrona e fiquei brincando com ela, meu pai me olhava com uma cara serena, as coisas estavam bem entre a gente, perguntou como havia sido meu carnaval, eu respondi qualquer coisa, alguns minutos depois a Claudia entra na sala.
- Rodrigo telefone, é o Léo.
- Ok, vou atender lá em cima.
Deitei na cama, e fiquei pensando alguns segundos antes de pegar o telefone, aquele maldito sentimento de culpa estava dentro de mim novamente, sem contar meu estomago, que ainda não pedeu a mania de ficar em festa todas as vezes que falo com o Léo.
- Digo?
- Fala, Léo...
-... E como foi o resto da noite sem mim? Aposto que foi chato e 15 minutos depois você foi embora...
-... Não, eu fiquei mais um tempo conversando e tal...
-... Aquela galerinha era bem maneira, ma eu tava passando mal filho, se acredita que eu to com febre até agora?

Uma injeção cavalar de culpa foi aplicada em minhas veias.

- Nossa cara, o que você teve? Ou melhor, o que você tem? Quer que eu vá ao médico com você? Ou melhor, Léo, to indo pra ai agora!

Tomei um banho rápido, troquei de roupa, tomei um dorflex ( mesmo não passando mais minha dor, eu já estou viciado em dorflex), e sai.

O sol estava lindo como já disse, fui andando e pensando como contaria isso ao Léo, com que cara eu diria que mais uma vez eu trai sua confiança.
Decidi contar depois do meu aniversário que seria dali a alguns dias.
Cheguei na casa dele, que é bem perto da minha, toquei o interfone umas duas vezes, até que depois de algum tempo ele desceu, branco igual a uma folha de oficio, enrolado em um edredom azul que nós compramos na Leader Magazine pra dar de presente pro irmão dele que ia casar, rsrs, olhei aquela cara, e me deu um dó tão grande do Léo, e uma raiva nojenta de mim mesmo.

- Léo.
Fechei a porta, dei um abraço tão forte, como se fosse o ultimo, é ele realmente estava queimando de febre.
- Que isso filho...
-...Cara se ta muito quente, senta ai no sofá.
Ele sentou sem pestanejar.
Sentei a seu lado, na sala tem um carpete branco que é muito fofo, meu pé sempre afunda quando eu piso naquele carpete...
- O que você ta sentindo?
- Meu corpo ta todo doendo, meus olhos estão pesados, e essa febre...
- Se já tomou algum remédio?
- Não...
- Cara se precisa tomar um analgésico pra pelo menos baixar essa febre...
-... Acho melhor não e se for dengue?
- É né...
- Calma Digo, se ta mais nervoso que eu...
Eu dei num sorriso meia boca.
- Léo, vamos lá na cozinha, senta e fica conversando comigo, se já tomou café?
- Não, eu não to com fome...
- Levanta e vem, toma pelo menos um pouco de café.

Aproveitei e lavei toda a louça, não sem antes reclamar, é claro, coloquei o café pra passar, e nós ficamos conversando.

- E ai como é que foi a noite ontem?
Plaft!
O copo caiu da minha mão.
Retirei todos os cacos, o copo não caiu por acidente, foi meio que de propósito, não queria entrar nesse assunto, pelo menos não agora, e se o Léo me perguntasse eu ia falar a verdade, mas ele estava doente e eu não queria piorar as coisas...

Fomos pro quarto, mandei que ele tomasse um banho frio, coisa que prontamente ele atendeu, depois deitou-se na cama, ficou coberto em quanto eu no chão, lia o jornal do Brasil, depois de alguns minutos ele adormeceu, e caso a febre não passasse, nós iriamos até a clinica pra ver o que ele tinha, ou pra que pelo menos o médico passasse algum remédio, injeção, sei lá qualquer coisa, só não queria ver o Léo daquela forma.

Depois de umas duas horas eu acabei cochilando, e fiquei deitado ali no chão mesmo, quando acordei, ele estava olhando pra mim...

- O que foi Léo?
Eu disse meio que sonolento.
- Nada, sonhei com você essa noite!
- Sério?!
- É cara, e não foi um sonho muito legal, no sonho você tava...
Eu levantei, rindo mais assustado
- tava?
- Tava doente, no sonho você tinha pego HIV!

Sabe quando o mundo para, você sente as coisas rodando, e passam filmes sem explicação em sua mente, sabe quando se ouve vozes, quando se ouve musicas, quando nada mais é verdade, sabe quando o medo a insegurança, as tentativas de acerto e todas as outras coisas ficam te confundindo. Eu estava assim... é claro que eu não tenho essa doença, já que a única vez que fiz sexo de fato foi com o Léo, mas isso parece sei lá, um aviso desses que existem nos filmes, mas se existem nos filmes, com certeza, vão, ou já existiam na vida real!

- Aff léo, que sonho mais louco...
Ele ficou me olhando nos olhos, não interrogando, mas sim um olhar de ternura, e isso acabava ainda mais comigo.
- Também, acho! To me sentindo um pouco melhor cara.
- Sério? Mas ainda assim vamos ao hospital!
- Pra que cara? Já disse que to melhor!
- Ta eu sei, Poe uma bermuda e vamos!
- Não faz essa cara de criança chorona, tem que ir Brow, né normal sentir febre e do nada passar...

Chegamos lá e ficamos esperando alguns minutos, aqui no Rio de Janeiro tem uma coisa bem engraçada, quando os médicos não tem um diagnóstico para o que o paciente está sentindo ele aperta o botão da válvula de escape, bem, é até um aviso isso, sempre que você for a um consultório, e o médico que estiver te atendendo soltar essa frase.

- Você está bem, foi apenas uma virose!

Pode passar para outro médico, por que esse calhorda não conseguiu diagnosticar o que você tem!

Depois de tomar uma injeção de dipirona, na bunda, rs, fomos pra casa.

- Ta doendo ainda ai Léo?
- Para de zoar, essa merda dói pra caramba.
- Eu sei disso, shaushausu.

Guiei o carro até o supermercado,e fui comprar umas coisas por que na casa do Léo só tinha besteiras na geladeira, não que eu seja um mestre cuca, mas sei fazer carne ensopada com batatas, arroz branco, feijão preto eu já fiz umas três vezes, e até que fica bom, prepara-se uma farofinha pra acompanhar, tempera-se com um azeite de oliva, mistra tudo com uma coca cola bem gelada, e pronto! Temos um banquete.

O Léo ficou deitado no banco de trás, comprei todas as coisas que precisava, eu estava sem nenhum real, estou pobre galera, voltei ao carro e pedi a ele o cartão de débito, digitei a senha certinha e pronto, peguei as compras e voltei pro carro.

Ele ficou deitado no sofá, coloquei as coisas na cozinha, peguei o rádio e coloquei no balcão, fiquei lá pensando na vida enquanto Jorge Vercilo se esgoelava...

Deixei a carne e o feijão no fogo e voltei pra sala, O Léo estava assistindo Gilmore Girls, não sei se vocês lembram desse seriado, aqui no Brasil era transmitido pelo SBT, e tinha o nome de “tal mãe tal filha!”, comprei as temporadas quando ainda trabalhava no teatro municipal, estão na casa do Léo a um bom tempo, eu morro de rir com esse seriado, pra mim é um dos melhores, fiquei um tempo assistindo com ele, que estava deitado com os pés no meu colo.

Desliguei o fogo temperei as coisas, e depois de um tempo fomos almoçar.

- Nossa, e não é que está boa essa comida, já da pra casar!
Mais uma injeção de culpa!
- Ficou boa mesmo?
- Ficou ótima.
Ele levantou da cadeira e me deu um beijinho desses que a Hebe distribui aos montes.

Depois do almoço...


- Léo.
- Fala?
- Quer mesmo que eu fale?
- Você enxuga?!
- Não deveria, mas eu enxugo!

Depois da louça, peguei os DVDs e fomos pro quarto dele, deitamos na cama e ficamos até a noite assistindo as aventuras de Rory e Lorelaine.

Acho que ia dar 22:00 horas quando eu parti.

Na segunda feira discuti feio com meu pai.


Depois termino esse post!


Obrigado por estarem comigo, as coisas estão acontecendo, está tudo bem entre mim e o Léo, as coisas só não mais as mesmas, já, já trago detalhes do meu niver, e de tudo o mais!


Um abraço grande Guys! Se cuidem!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Léo and Me Carnaval e N coisas!


Vim hoje mais uma vez falar um pouco de mim, falar um pouco de mim pra vocês, e toda essa minha redundância com as palavras e expressões, é altamente justificável, eu cada dia percebo que as coisas vão acontecendo meio que repetidamente, como se a vida fosse um jogo, um jogo de cartas, todas as cartas são diferentes, e talvez por isso, todas se tornam tão iguais.


O carnaval se aproxima, e eu tenho mais uma esquisitice pra confessar a vocês, eu detesto a “folia de momo”, não consigo ficar feliz tendo pessoas pulando e colando em cima de mim, não consigo achar graça em velhos peludos vestidos de mulher sem nem ao menos se preocuparem com o papel ridículo que estão prestando, não vejo graça também naquelas neves artificiais que são arremessadas pra tudo o que é lado, não gosto de ver todo mundo fazendo xixi nas ruas, detesto ter que pisar numa quantidade imensa de latas de cerveja e refrigerante,

A trilha sonora não me agrada nem um pouco, a paquera é sempre vulgar e altamente sexual... Enfim, antes de pensarem que sou um velho rabugento, eu vou confessar que já gostei de carnaval. Mas essa fase passou – Até que enfim! –.

E nesse carnaval vou fazer uma coisa que eu gosto bastante, viajar pra um lugar onde todos detestam a festa. Vou para um camping em Santa Catarina, ah, mas não vou sozinho, vou com o Léo...


Não contei ainda né? A gente voltou!

Shaushuahsuahsu


Léo and Me... Nada vai nos separar!




Sabe quando bate aquela sensação de perda, ou remorso? Eu fiquei assim por um tempo que me pareceu demasiado intenso, eu ficava relembrando as coisas e querendo que elas voltassem, e que se estabelecessem, mas nada é como se quer, a não ser que se lute por isso e que entenda que o mundo nem sempre conspira a nosso favor.

Fico horas observando o nada pela janela de madeira do meu quarto, a tarde seria chuvosa, tomei um banho frio, e liguei o som baixinho, coloquei um cd chamado “Um barzinho e um violão” onde eu conheci musicas antigas cantadas por vozes atuais têm até a Luiza Possi mostrando que é uma cantora de verdade e cantando coração de papel...

Fiquei nesse momento nostálgico, mas ainda assim tão legal, tão comigo mesmo, me desliguei do mundo, e fiquei ali, a promessa de chuva começou a se cumprir e eu fiquei anestesiado olhando pro nada.

Até que meu celular tocou.

-Alô?

- Rodrigo?!

- Oi, sou eu sim... Não sei se consegui disfarçar minha felicidade em estar falando com ele, mas ainda assim ele foi bem frio.

- Então muleque, vou passar ai hoje pra deixar umas coisas suas ok?!

- Léo...

-... E só isso véi!

- Ok!

Desligou o telefone, eu fiquei meio mal, mas enfim, a vida é feita de escolhas e se era essa que ele estava fazendo, tudo bem, eu tinha que aceitar...

As horas estavam demorando a passar mais que o normal, pensei em arrumar umas gavetas, mas depois desisti, a ocasião não era nada propicia, não tinha nada a ver ficar arrumado cuecas rasgadas numa hora daquelas, fiquei rodando pelo quarto, e por falar em quarto, o meu já está me dando nos nervos, acabei tirando meus pôsteres do Harry Potter da parede, não tinha muito a ver comigo, não mais, entendem?! Foi meio estranho retirar o menino bruxo da parede do quarto do menino louco, mas eu aprendi na marra que as coisas mudam e as pessoas se transformam, e consegui fazer isso sem nem ao menos ter cursado o primeiro ano de Hogwarts – pra quem não conhece é uma escola de magia e bruxaria muito famosa, que fica na Inglaterra, e não fiquem assustados por não conhecerem, seria estranho na verdade se vocês viessem a conhecer, já que os trouxas (pessoas que não nascem bruxas) geralmente não conhecem muita coisa do mundo bruxo–.

Tirei os pôsteres da parede e guardei também os bonecos do homem aranha, um par de pantufas que a muito não cabiam no meu pé, arrumei o baú que á acoplado com a cama, retirei e limpei todos os gibis, eles me foram muito úteis servindo como porrete para inúmeras traças e baratas. Os únicos gibis que deixei foram os da Turma da Monica, até por que as histórias nunca ficam velhas e com certeza meus filhos vão gostar bastante, todos os outros títulos eu vou doar, ou até mesmo vender – é eu estou precisando de dinheiro e sou um garoto muito mal!- afinal de contas eu contribuí bastante pra que a Marvel Comics virasse a empresa bilionária que é hoje, e seria no mínimo injusto não ter um pedaço nesse delicioso bolo. ( estou com fome, desculpe pela metáfora comestível...)

O Léo me ligou avisando que estava lá embaixo, desci, abri a porta, o vi com uma calça jeans, um tênis preto, blusa gola pólo verde e com uma mochila azul nas costas, quase não me olhou nos olhos, eu pedi que ele subisse, ele fez que não, mas acabou subindo, eu ainda acho que ele queria subir desde o inicio, mas estava fazendo mesmo “um cu doce básico” – preciso explicar o que é um cu doce básico?! Ahm ta, senta lá Claudia!

Eu acabei me atrasando um pouco pra subir por que a “Vilma” – Vilma uma gatinha muito sapeca da raça angorá, gatinha está que está aqui em casa por um tempo, pois minha vizinha viajou pro carnaval e não tinha com quem deixar... - Estava quase morrendo de fome, e eu como não consigo ver ninguém morrendo, ainda mais de fome, fui salvar sua vida. Subi as escadas devagar e o Léo estava entretido lendo um gibi antigo do “Surfista Prateado”, fiquei um tempo na soleira da porta olhando praquele muleque tão normal que despertava sentimentos mais que anormais em meu ser. Permaneci alguns minutos assim, até que sem tirar os olhos do gibi ele disse.

- Ué dormiu ai na porta?

Eu fiquei meio sem graça afinal de contas eu não percebi que ele tinha me visto.

- Como você sabe que eu to aqui?

- Eu senti, eu sinto sua presença, mesmo se você estiver longe...

Ultimamente eu to me achando o cara mais sentimental do planeta, muito mesmo, até mais que a Bebel da grande família, eu to nessa fase de chorar a toa, e antes que vocês pensem eu vou logo dizendo – Não, eu não estou grávido! –

Quando ele disse isso, que sentia minha presença, uma lágrima correu sorrateiramente pelo meu rosto, foi à lágrima mais teimosa que eu já expeli, eu fiz muita força pra que ele não nascesse, mas a pentelha foi mais forte que eu, que minha razão e que todos os meus músculos faciais, músculos esses que são bem fortes, mas ainda assim essa lágrima foi mais...

Sentei na cama ao lado dele.

- Léo, por que as coisas boas sempre acabam?

- Nada que é bom dura pra sempre...

-... Eu quero uma resposta sua essa ai eu já vi em filmes, já li em revistas, na caixa de cereais, em comerciais...

Ele riu, eu não achei muita graça, dentro de mim eu sabia que aquela frase não era uma piada, até por que era sem graça, e a entonação em que ela foi pronunciada estava com “um que” de velório e não de festa, até por que as festas são os melhores lugares para se contarem piadas, mesmo sabendo que tem uma galerinha estranha que conta piadas em enterros...

- Rodrigo vamos acabar logo com isso?

- Acabar? Como assim acabar com algo que eu nunca tive?

- E antes que você diga que também já ouviu essa frase, vou logo dizendo que está enganado Jack Twist disse algo parecido. O Jack disse “Uma coisa que quase nunca tenho” eu disse “uma coisa que eu nunca tive”...

- Você fumou alguma coisa hoje filho?

Eu ri, e fiquei olhando pro rosto dele, e depois passei a mão nos cabelos dele, e ele fechou os olhos...

- Sabe Léo, eu lembro que ficava imaginando a gente, na época da escola ainda, eu ficava te olhando, e reparando na forma como você falava, eu sabia até mesmo o tom de rosa que sua pele alcançava quando você discutia com alguém, eu ficava quieto, contando suas veias do pescoço, sabia até que quando você estivesse muito bravo, duas delas iam saltar loucamente, daí essa seria minha deixa pra ir falar com você e te acalmar.

- E você sempre conseguia...

-... Eu lembro que a gente conversava até altas horas, lembro que você pedia pra eu falar com sua mãe que você dormiria aqui, e agente tinha que sair de casa escondido pro seu pai não ver. Lembro-me de tantas coisas, das vezes que eu chorei por você ter ido ficar com alguma menina, das vezes que você me contava que estava gostando de alguém, ou que fulana tava te dando mole.

E todas as meninas que eu te disse que amava, ou que tinha pego, eram obra da minha imaginação, eu simplesmente inventava pra ter o que conversar com você...

Ele foi descendo lentamente e deitando-se no meu colo, tirou a mochila azul das costas, o tênis e ficou de meias, deitado no meu colo, enquanto eu fazia um cafuné.

- Rodrigo, eu pensei tanto na gente hoje, pensei tanto em nós dois, pensei nas coisas que a gente já fez, nos nossos momentos, em quem a gente é, e em o que a gente se tornou, pensei no que você representa pra mim, e o que eu devo, ou deveria representar pra você...

-... Sabe Léo, eu lutei tanto por isso, eu quis e quero tanto isso, que eu acho que se isso um dia acabar acaba não só o relacionamento acaba uma saga, acaba uma história...

Ele riu, eu ri sem saber por que eu ou ele estávamos rindo.

- Ta rindo de que?

- Sei lá, às vezes realmente isso aqui parece um livro, um filme, você, joga essas palavras, tipo saga, e não sei mais o que, e eu me sinto diferente.

- Mas você é diferente, pelo menos pra mim, você nunca foi igual, você sempre foi e sempre vai ser o muleque por quem eu fico horas pensando, o cara que me faz acordar e que não me deixa dormir...

-... Eu queria tanto acreditar nas coisas que você diz...

-... Léo, eu te amo mais que tudo cara, quando você chega, eu paro o que eu estiver fazendo pra te ver, minhas pernas tremem, minha boca fica seca, e meu coração dispara, e se caso eu tiver a sorte de encostar em você, nem que seja um aperto de mãos, todas essas emoções quadriplicam...

Ele pôs a mão no meu coração, tudo isso de olhos fechados...

-... Apaga a luz filho.

Tirei lentamente a cabeça dele do meu colo, e fui apagar a luz, aproveitei e fui escovar os dentes por que se o destino os deuses, os astros, orixás and duendes fossem generosos comigo, ia pegar muito mal se eu estivesse com um baita bafo de onça...

Voltei e coloquei a cabeça dele novamente no meu colo, e continuei com o cafuné.

- Digo o que você espera de mim?

Fiquei meio surpreso com a pergunta, e detesto ser pego desprevenido, eu sinceramente não sabia o que falar, mordi o lábio inferior, e pensei um pouco, até que ele falou.

- Pergunta difícil né?

- Acho que eu nunca esperei nada de você, ou melhor, acho que todas as coisas que eu esperava eu tive, e tenho...

-... Sabe o que eu espero de você?

- Não?!

- Espero que você. Seja sempre esse cara, engraçado, inteligente, amigo, espero que não pare de escrever, que seja feliz, e que me ame cada vez mais.

Os soluços eram baixos, mas eu pude sentir ao tocar em seus olhos que ele chorava, o beijo veio em seguida, ficamos por horas, assim, deitados um do lado do outro, levantei e fui fechar a porta, por que tudo o que eu menos queria era que me pegassem em um momento tão mágico e feliz...

Acabamos pegando no sono, as 03:00h da madrugada eu acordei com uma dor nas costas infernal, o Léo acordou também, a gente ficou se curtindo um pouco, ele disse que ia embora, eu disse que tudo bem.

- Vou embora filho...

-... Beleza, te levo até a porta...

-... Vai fazer o que amanhã?

- Pensar em você...

Ganhei um beijo na testa

-... Amanhã não, já é hoje né?!

Rimos...

- Já disse pensar em você...

- Eu passo aqui pra te ajudar a pensar...

- Por que a gente não sai agora?

- Sair? Pra onde filho?

- Eu dirijo já é?

- Depende, ta muito tarde o que agente vai fazer agora?

- Deixa comigo...

Peguei meu boné, ele pegou a mochila, e nós saímos, no carro eu perguntei o que é que ele ia me devolver, ele abriu a bolsa, e me mostrou um cartão, e uma caixa de bombom, daquelas azuis da Nestlé.

- Mas essas coisas não são minhas!

- Claro que são eu comprei pra você!

- Então se foi lá...

-... Pra gente voltar!

Risos, beijos, abraços e felicidade...

Guiei o carro até um motel em São Conrado, foram às 12 horas mais curtas e prazerosas da minha existência...

O carnaval!

O Léo está de férias, e eu sou um vagabundo (infelizmente e não por vontade própria), antes mesmo de todas as brigas e discussões, nós tínhamos marcado de irmos passar o feriado de momo, bem longe da agitação carioca, como o Léo trabalha em uma companhia aérea fica mais barato e fácil dar essas fugidas. Fomos pra uma cidade chamada Chapecó, no sul do Brasil. Passamos os 4 dias de carnaval em uma pousada linda, preciso dizer que foi meu melhor carnaval?!

Saímos daqui na sexta feira, eram 21:00 horas quando o vôo deixou o aeroporto do galeão, eu fiquei no corredor, o Léo no meio e uma menina de no máximo 16 anos, na janela, ela tinha muitas sardas no rosto, era loura, e usava um aparelho azul. Tinha uma voz engraçada e um sotaque paulista bem gostoso de se ouvir...

Fomos conversando bastante, falando coisas fúteis, falando de boy bands de filmes teen e de musicas...

Gostei dela e mais ainda de seu nome Maria, achei lindo e mesmo sendo comum, achei diferente, pelo menos se ela pedisse pra eu adivinhar seu nome eu jamais diria Maria...

Conversei com Maria por toda a viagem ela tinha uma gargalhada gostosa, uma boca rosada e um cabelo que deixava qualquer outro cabelo bem cuidado com aspecto sujo, os olhos de Maria eram de um castanho calmo, o Léo também gostou muito da menina com bochechas rosadas, ficamos conversando e trocamos MSN, ela me disse que se a Britney não vier ao Brasil ela vai à Argentina, e é claro que eu também vou, e vou com Maria...

No final ela ficou meio chocada quando eu disse que eu e o Léo éramos namorados, mas ai eu tratei de fazer uma piada...

- Ah isso é normal, não vem dar uma de virgem Maria...

Ela acabou soltando uma frase que eu ouvi muito nesse carnaval.

“- Que desperdício!”

Despedimos-nos dela, pegamos um taxi, o motorista tentou enrolar a gente, mas eu sou muito bom com mapas, e quando ele me disse que ia cortar caminho por uma rua, eu disse que não precisava, por que agente queria ver a paisagem, ele ainda tentou argumentar dizendo que não tinha muito que se ver àquela hora da noite, mas eu disse que nós éramos de uma seita asiática e que gostávamos muito de ver as belezas noturnas, o cara ficou mudo e seguiu pelo caminho que eu disse, até por que o caminho que ele queria pegar ia aumentar nossa corrida em no mínimo R$ 30,00.

Chegamos à pousada e não tivemos nenhum problema, o gerente entregou a chave do quarto, que era confortável, tinha uma cama imensa e o banheiro era dono do maior espelho de banheiro que eu já vi.

O Léo pediu algumas cervejas, eu já tinha acabado com minha promessa de deixar de beber, até por que ainda não tenho idade pra esse tipo de promessas...

Tentei ligar o rádio, mas era muito complicado mexer naquilo e eu desisti, acabou que ficamos um tempo vendo televisão, e depois fomos dormir bêbados e felizes...

Acordei as 11h00 o Léo vinha saindo do banheiro quando abri meus olhos remelentos, ele me deu um bom dia entusiasmado e disse que estava frio.

Acho que somos os únicos cariocas que detestam o calor e o mar...

Levantei tomei um banho quente e coloquei um casaco ( me sinto tão feliz em dizer que pus um casado em pleno mês de fevereiro).

O café da manhã teve todas aquelas coisas gostosas que um café da manhã de hotel precisa ter, os outros hóspedes pareciam mutantes, não olhavam muito pra gente, o Léo não tem mais neuras e a gente fica dando bitoquinhas até em lugares públicos ( desde que não seja no RJ, shuahsahsu), as pessoas não olhavam e fingiam que não viam, eu consegui ver uns quatro pescoços sendo virados, e alguns que pareciam estar com torcicolo, mas todos sabemos que o preconceito existe não é mesmo?

E assim foi o nosso carnaval, na verdade este foi o meu melhor carnaval, e acho que o do Léo também, assim espero...

Voltamos para a casa na quinta feira, um dia após a 4ª de cinzas, o Rio de Janeiro ainda preservava os vestígios da festa, o Léo foi comigo até em casa, não havia ninguém, o povo só voltaria no domingo, fora, todos pra Cabo Frio.

- Pronto, está entregue são e salvo.

- Ah já vai Léo?

- To cansadão, mais tarde eu venho aqui.

- Aff! Fica aqui pó, na sua casa não tem ninguém mesmo, eu te empresto uma roupa.

- Não cara, eu tenho que ir lá, em casa... Ta bom, não precisa fazer essa cara, eu vou lá em casa deixar essas coisas e volto!

- Já é então!

E assim foi, 20 minutos depois ele retornou com uma coca-cola de 2L, ficamos assistindo um filme perturbador, “ Ensaio sobre a cegueira”, a direção é de Fernando Meirelles ( cidade de deus) e foi baseado em um livro de Saramago. O Léo acabou dormindo no meio do filme, mas eu fui até o fim, o filme como disse é perturbador, imagine de repente um monte de pessoas perdendo a visão? As autoridades tomando medidas drásticas, e por ser uma coisa estapafúrdia, ninguém sabia como lidar com ela, some isso ao fato de que se passa nos EUA, e lembre de como os americanos se portam como lidam com o que n ao conhecem, força bruta, exército e armas.

Dentro dessa loucura toda que é o filme, ainda existe a beleza real de Juliane Moore, e Gael Garcia Bernal. Um bom filme...

Retirei cautelosamente um Léo adormecido de meu colo, pus um travesseiro pra fazer as vezes de minha perna, a cozinha estava tão limpa que tive preguiça de cozinhar qualquer coisa, olhei na porta da geladeira, e meus olhos famintos indicaram-me o telefone de uma pizzaria, o anuncio dizia que em 45 minutos minha pizza estaria em casa, quentinha e deliciosa, diante de tantas promessas deliciosas, não tive outra escolha se não ligar e pedir a tal pizza.

Acordei o Léo, que estava sonhando calmamente, ele reclamou um pouco mais assim que saiu do banho a pizza, chegou.

- Vamos fazer o que nesse fim de semana?

- Sei lá, que tal irmos no desfile das campeãs?

- Por mim tudo bem, minha Portela venceu mesmo...

-... Roubado!

- Para, não tenho culpa se a sua Mocidade ficou nas ultimas.

- Aff Léo, a Mocidade é a melhor escola.

- Mas quem foi que venceu?

- O salgueiro, mas...

- ...Mas nada! E não adianta fazer essa carinha de boladinho não!

Risos em conjunto.

Dividimos a louça, e depois fomos pro meu quarto, ficamos olhando pro teto e falando da vida, da gente, de como seria dali pra frente, eu disse que tava com medo, ele disse que não precisava ter medo.

- Léo, será que a gente vai conseguir?

- Conseguir? Como assim?

- Sei lá, às vezes eu penso que melhor não tem como ficar...

-... Eu também penso nisso, mas a gente não vai viver pra sempre com nossos pais não é mesmo?

- Então quer dizer que a gente vai morar junto?!

- Por que não?

- Sabe que você é o cara mais especial que já conheci?

- E você conheceu mais caras além de mim?

- Você sabe que é a primeira pessoa que amei na vida.

- É disso que tenho medo.

- Por que?!

- Você não conheceu outro amor além de mim, você pode enjoar...

-... Eu nunca vou enjoar de você!

- Espero.

- Para de querer tomar o meu lugar, o sensível, inseguro e chorão nessa história sou eu, não vem querer tirar minhas chances de levar meu Oscar!

Risos.

Dormimos e acordamos, a sexta feira foi normal, fomos a praia de Ipanema, e no sábado demos uma passada rápida no desfile das campeãs e depois fomos até a Rua Farme de Amoedo, que também fica em Ipanema é o reduto dos cariocas mais descolados, acabamos sentando em um var gay chamado “To nem ai”, bebemos algumas cervejas e eu acabei puxando assunto com uma galera de Mônaco, ficamos horas falando em inglês, até que o Léo me disse que tava com sono e que ia pra casa mas se eu quisesse ficar tudo bem.

Como o papo estava realmente ótimo eu decidi ficar, estava perto de casa, e o calor insuportável, o levei até o carro, demos uns beijinhos e ele partiu.

Comecei a conversar com um cara chamado Deryck, que tinha 26 anos e era Alemão, nossa comunicação era sofrível, já que o meu sotaque, misturado com o sotaque dele, ficou uma tentativa desastrosa de entendermos nosso inglês.

O amigos dele foram embora, e nós ficamos conversando sobre muitas coisas, ele trabalha na BMW e viaja o mundo inteiro, ele é “Manager” ( uma espécie de gerente), me contou que tem uma namorada, e que vem ao Brasil duas vezes por ano, ele é louro, e tem olhos tão verdes quanto as algas, fala coisas engraçadas, e gosta de olhar as estrelas, ficamos conversando até as 05:00 da manhã, ele como todo bom turista se apaixonou pela caipirosca de maracujá ( uma caipirinha de vodka), até eu que não sou muito fã também bebi algumas, de repente ele perguntou se eu gostaria de conhecer seu apartamento, eu disse que sim, não estava pensando em nenhum tipo de maldade e pra mim seria apenas uma amizade gringa.

Chegamos a casa dele, um apartamento desses que tiram o fôlego, sentei no sofá e bebemos qualquer coisa, o beijo aconteceu instantaneamente, ficamos nos curtindo por um bom tempo, não houve sexo, mas faltou bem pouco, as 14:00 eu acordei, ele estava no banho, minha cabeça estava...