Léo and Me: Percalsos...

Antes de mais nada, desculpa a demora pra postar, mas minha vida está um caos...
Não deixem de comentar, abração!

Os dias começam a passar aceleradamente, tem dias que não percebo que essa segunda feira ensolarada é na verdade uma quinta-feira cinzenta.
É entediante ficar em casa vendo o tempo passar, a sensação de inutilidade toma conta da gente de uma forma tão assustadora, que vez ou outra me sinto o homem aranha, usando aquele uniforme alienígena.
Meu humor fica péssimo, eu sempre fico mais magro, mesmo tentando de todas as formas conseguir um pouco de músculos, sabe eu digo sem medo que detesto as férias, e essas minhas então, estão com uma cara de que vão se prolongar por um bom tempo, já que estou sem emprego, e sendo assim sem faculdade também, mesmo tendo certeza que meu pai vai arcar com essas despesas por enquanto, eu fico apreensivo, e não é uma coisa que eu realmente goste, ou pelo menos aceite.
Nem comentei com vocês que fui demitido né?
Isso mesmo, fui demitido por telefone, confesso que gostei, até por que seria difícil manter uma cara boa com uma noticia tão ruim quanto está.
Na hora me deu uma sensação de alivio, afinal eu não iria mais precisar olhar pra cara daquele calhorda do meu chefe, mas depois veio um vazio tão grande, mas tão grande, que estava extrapolando e eu não conseguia encontrar maneiras de esvaziar meu peito de todo aquele vazio...
Bem, eu trabalhava com a Miranda Priestly, personagem de Merryl Streep, no filme O diabo veste Prada, e isso de forma alguma é força de expressão. Ele me pedia tarefas tão esdrúxulas que só de lembrar eu fico embaraçado.
trabalhava no Theatro Municipal aqui do Rio de Janeiro, entrei meio que por sorte e por acaso, eu deveria fazer uma função, porém a gerente do Rh, me perguntou se eu era bom com o pacote Office, eu disse que sim, o que realmente seria verdade, se esse pacote Office que ela quis dizer não fosse apenas o Excel programa que eu sempre levei bomba..
Depois de um mês já estava fera com as planilhas daquela coisa que tanto me enchia, até que acabei conhecendo o cara mais seboso da face da terra, Luigi Marquez, o produtor, do Teatro e acessor direto da Presidente Carla Camurati!
O cara era o cão, todos tinham medo dele, a forma como ele trata os funcionários é algo inconcebível, eu ficava sem graça pelos outros, mas é claro que comigo era diferente, como ele sempre dizia de uma forma articulada “Você é um simples estagiário” sendo assim eu era tratado bem pior.
Já fui pagar contas pessoais pra ele várias vezes, já fui comprar passagens aéreas e rodoviárias, a ultima coisa que eu fiz de tão nada a ver e sem noção com minha função, foi ver se na mala dele tinham 5 pares de meias cinza, isso mesmo, 5 pares de meias cinza...
Quando eu recebi a ligação que me demitiria, eu estava em casa olhando pro teto, foi um dia depois da morte do Fred, eu faltei aquele dia, minha primeira falta em quase 6 meses de trabalhos escravos, estava fazendo uma coisa que eu gosto muito, ouvindo CD do Djavan e olhando pro teto.
O telefone tocava demasiadamente e quase que eu não atendo, ma enfim, acabei indo ver, eu tinha certeza que não era o Léo, a essa hora ele estava trabalhando, e ele quase nunca me ligava do serviço.
-Alô. Eu disse com uma voz cansada e imparcial.
-Alô, Rodrigo?
- Eu mesmo!
- Aqui é Luigi, Bem Rodrigo estou ligando para avisar que não precisaremos mais dos seus serviços peço que amanhã você venha desocupar sua mesa,l eu não estarei aqui, mas pode falar com a Kátia que ela aguarda em quanto você leva seus pertences.
Alguma pergunta?
- Não nenhuma... Luigi
Ele havia desligado...
Fiquei sem ação alguma, isso deveria ser umas 17:00 horas, desci as escadas e meu pai estava abrindo a porta, contei pra ele o que houve e ele fez uma cara meio estranha, mas depois disse que eu deveria ter saído dali a muito tempo.
O que me prendeu esse tempo todo naquele emprego, foi as coisas legais e o status que aquilo me proporcionava,
Eu tinha quantos ingressos quisesse para assistir os espetáculos da casa, e a todos os outros convites que chegava para o Luigi, convites estes que ele mesmo dizia que não queria nem ver, já que era um cara muito ocupado e não tinha tempo para “se divertir”, o ultimo espetáculo que o teatro montou foi a ópera La Boheme, depois deste espetáculo o teatro entrou em restauração e só reabre no dia do centenário em junho.
E o ultimo espetáculo montado fora do teatro foi um suíte de “O quebra Nozes” no shopping Rio Sul, Em botafogo, aqui mesmo no Rio de Janeiro...
Bem, fiquei mal com tudo o que houve, fui no teatro buscar minhas coisas e O Luigi estava lá na minha sala, me olhou de cima a baixo, e disse que foi bom trabalhar comigo, e quando ia continuar com aquele monte de frases mentirosas seu Nextel recebeu um dos inúmeros alertas diários, e tudo o que ele fez pra mim foi um aceno de anda rápido com isso!
Peguei minhas coisas, um cheque por serviçes prestados, e fui pra casa...
Cheguei meio arrasado, deveria ser 11:00 da manhã, coloquei minha mochila no quarto troquei o All Star por um tênis mais confortável e fui pra academia, fiquei de 12:00 as 19:00, O Léo me ligava de meia em meia hora pra dizer que eu tava exagerando e que eu ia atrofiar os músculos, rs, muito preocupado esse muleque...
Fui pra casa, subi aquelas escadas de madeira, que quando se pisa no 8º degrau ela solta um gemido que me dá nos nervos, eu estava com um humor péssimo, a porta do meu quarto estava aberta, coisa que não é costumeira, entrei e quando fui virando a “esquina” eu a vejo de costas, era a Claudia, mesmo eu dizendo inúmeras vezes que não queria ninguém no meu quarto, eu fiquei muito, mas muito estressado, já estava com os nervos a flor da pele, e aquilo me pareceu uma boa válvula de escape para todos os meus nervos, depois que minha mãe morreu eu nunca mais entrei no quarto do meu pai, me máximo é a porta e ainda assim só quando a Julia está lá.
- Claudia o que você está fazendo aqui, no meu quarto? E pior no meu computador?
- Ah, eu tava só olhando meu Orkut, e to aki falando com minha irmã do Paraná...
- Ta da licença, do meu quarto?
- Ah, calma ai eu já vou sair...
-... Não, você vais air agora! Por que você não usa o computador do meu pai?
- por que ele leva pro trabalho, por que ele trabalha né...!
- sai do meu quarto! Rala do meu pc!
-... Espera Rodrigo, quem te deu esse computador foi seu pai, e ele disse que quando eu quisesse usar...
- Só pra você saber quem me deu esse computador, foi a minha avó, meu pai só paga a internet, e mesmo se ele tivesse dado, é meu, e eu não quero ninguém aqui, eu já falei milhões de vezes. Sai já daí.
Eu estava nervoso, gritando, e ela nada de sair, e me ignorando totalmente.
Peguei ela pelo braço e joguei lá fora, ela me arranhou todo com aquela garras afiadas que toda madrasta megera dos contos de fada e da vida real cultiva.
Meu pai chegou, e ela fez toda aquela cena, chorou, me chamou de grosso, e disse que eu a havia agredido, mas isso não foi o pior, o pior foi que o cara que me conhece a 21 anos acreditou em tudo que a mulher que ele conhece a míseros 4 anos contou.
Me mandou ir pro quarto, e disse que depois conversaria comigo, mesmo eu tentando me explicar ele disse gritando que não queria saber, que se eu estivesse trabalhando não estaria em casa arrumando confusão com a Claudia, e milhões de outras coisas tão ofensivas que me fizeram odiar meu pai com todas as forças.
Bati a porta do quarto bem ao estilo ”fazendo ceninha”.
Meu celular tocou e era o Léo, contei toda a história pra ele, depois de 15 minutos ele me ligou, eu desci.
- Aonde você vai?
- Vou sair com o Léo!
- Quem deixou? Você ta de castigo!
- Você pensa que eu tenho quantos anos hein pai? 12? Não eu tenho 21, e eu acho que você sabe disso até por que um muleque de 12 anos jamais ia ouvir injustamente de um pai que precisa trabalhar.
Ele levou um baque, eu quase nunca o respondi, e nem respondo.
- Rodrigo, você não vai sair.
- Eu vou sim, to vendo que o senhor não aprendeu nada com o ultimo casamento, minha mãe morreu pai, se foi, o casamento não é pra sempre, mas os filhos são.
A Claudia me olhou meio que me fuzilando, abri a porta e sai.
O Léo estava parado na frente de um carro, que não era o pálio do irmão dele, e sim um Astra Prata, tava usando um tênis preto, uma calça jeans clara, e uma T-Shirt preta, o cabelo dele ta crescendo e já ta caindo meio que nos rosto.
- Fala filho como tu ta? – me deu um abraço apertado, eu fiquei um tempo parado, curtindo o abraço apertado-
- Cara to puto!
- Mas a gente tem que comemorar né?
- Comemorar? Ta louco?
- Muleque, agora a gente não precisa mais voltar cedo, quando for sair!
Eu fiz uma cara de desentendido..
- Comprei meu carro irmão! Entra ai vamos dar um role...
Fiquei mó feliz pelo Léo, ele merece todas as coisas que tem.
Antes de entrar no carro, olhei lá pra cima, na janela do meu quarto e a luz estava acesa, sem duvida era a Claudia, o respeito havia acabado, ainda bem que meu login do Windows é com senha, e a outra conta de usuário é limitada...
O carro é zero, os acentos ainda estão com os plásticos, fomos no shopping Rio Sul, assistimos Crepúsculo, pela segunda vez, depois comemos qualquer coisa em um fast Food, e ficamos namorando um pouco no carro...
Cheguei em casa tudo escuro, ninguém a vista, fui pro meu quarto, bati a porta, procurei minha chave nas minhas bagunças e encontrei, antigamente não via necessidade em trancar meu quarto, hoje em dia...
Sai um pouco, fui pra praia, pensar na vida, olhar pessoas, mudar minha rotina, comecei a espalhar currículos pela internet, sem duvida em breve estarei trabalhando...
Liguei pro Léo, ele estava almoçando.
- Oi Filho?! Aconteceu alguma coisa?
- Não cara, só queria ouvir sua voz mesmo.
- Nossa, que legal, ta carentão hein muleque! Você nunca me liga...
Rimos.
- Ta aonde?
- Aqui no arpoador...
- ...Sozinho?
- Isso!
- Cara, não fica assim, depois as coisas melhoram...
- Espero cara...!
- Se liga, hoje é sexta, que tal a gente sair pra dançar!
- Pode ser Léo...
-... Beleza, te pego as 22:00 então!
-... Ah a Luana também vai!
- O QUE?!
- Palhaçada!
- Ahm ta ok!
Fiquei enrolando na net, até que deu 21:00 e fui tomar banho, arrumar a roupa, e tudo o mais...
Quando sai do banheiro, meu pai tava sentado na minha cama e lendo a revista Veja da semana.
Olhei pra ele com a minha pior cara, ele me olhou com uma das suas caras de “Não adianta me olhar assim, eu entro aqui a hora que eu quiser...”
- O que devo a honra dessa visita?
- Também, não posso vir aqui?
- Claro que pode, como a Claudia mesma disse a casa é sua!
( A Claudia não disse isso, mas eu precisava usar das armas dela...)
- Rodrigo, para com essas ironias, e deixe de me atacar!
- Eu não to te atacando, eu to sendo sincero,
- Já que estamos sendo sinceros um com outro, o que você esconde nesse, quarto? Nesse computador?
- Escondo? Eu não escondo nada, que pergunta é essa? Ta desconfiando de mim por que?
- Eu não to desconfiando de você, mas pra que senha? Se é só você que usa esse PC?
- Pai, pra que o senhor quer saber isso? O senhor nem usa esse computador, essa mulher ta fazendo sua cabeça...
-... Não muda de assunto, você ta diferente, eu nunca mais vi a Vanessa aqui...
- Por que o senhor ta se metendo na minha vida? Por acaso eu dei algum palpite quando você se casou com uma amiga da minha mãe? Eu dei algum palpite quando ela se instalou aqui em casa? Eu falei alguma coisa, quando vocês me jogaram aqui em cima, e deram meu quarto pra Julia? Agora por que vocÊs estão fazendo isso comigo? Por que tão me perseguindo?
- Ninguém ta te perseguindo, deixa de graça, você é muito dramático
- Ta tudo bem, agora dá licença do meu quarto que eu quero me arrumar!
- Vai to te impedindo? Ou fez alguma tatuagem?
- Aff, pai, da licença!
- pra que você vai se arrumar? Você ta de castigo, se sair por aquela porta, não entra!
- Como é que é pai?
- Isso mesmo, se sair não volta!
- Eu vou ignorar todas as palavras que você disse, eu não te reconheço mais, sai do meu quarto.
Ele bateu a porta, eu fui lá e bati novamente, passei a chave, e deitei na cama...

Fiquei pensando, o Léo me ligou, dizendo que tava lá embaixo, abri a janela...
- LÉOOO.
Gritei.
Ele pos a cabeça pra fora do carro.
- NÃO VOU PODER IR NÃO!
Falei isso em meio a lágrimas, ele saiu do carro, e me ligou.
- O que aconteceu Digo?
- meu pai cara, eu quero ir embora dessa porra!
- Ele não quer te deixar sair? Mas você já tem 21 anos cara!
- Eu sei disso, é essa mulher que ta fazendo um inferno!
- Quer que eu vá falar com ele?
- Não cara, deixa disso brother!
- Cara, isso é uma coisa muito ruim, para de chorar! Para de chorar Rodrigo!
- Cara, ele disse que se eu saísse não ia voltar mais, tem noção, o meu pai falou isso, ele não parece o mesmo!
- Caraca realmente cara!
- Léo desculpa cara, mas num vai dar pra eu ir... Mas curte por mim!
- ta maluco? Se acha que eu vou sem você?
- Não cara, vai se diverte!
- Para, eu to indo pra casa, a gente se fala pelo MSN.
- Muleque, te amo Brother!
- Digo, te amo também!
- O que? Léo...
Rimos...

Entrei no MSN, ele entrou também, ficamos teclando no Chat BBM...

Galera depois posto mais ok?!

Abração!