terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Pior dia da minha Vida II








Uma vez há uns cinco anos atrás, cheguei em casa super cansado o calor estava o mesmo de hoje, era meu ultimo dia na 8ª série, passei pela cozinha e o cheiro do peixe assado que minha mãe preparava me deixou com uma fome inexplicável, o Fred ainda era um cachorrinho e estava dentro de uma cesta.
Fui falar com minha mãe.
- Oi Filho, ta cansando né?
- Muito, o cheiro ta bom ai hein.
- Convidou o menino que você havia falado filho?
- Convidei sim mãe, ele foi só tomar banho e vem almoçar.
- Já falei tudo com seu pai sobre a viagem de formatura, disse que você precisa de meias e uma mala.
- Pra que mãe? Eu levo naquela velha mesmo, ninguém vai reparar nisso!
- Rodrigo, eu quero uma mala nova, você sabe muito bem como é seu pai, só compra quando precisa mesmo!
- E sem contar que aquela mala velha eu dei ontem pra menina que faz faxina aqui.
Eu ri, ela riu também.
- Eu ainda não concordei muito com essa viagem, eu preferia aquela cerimônia todos usando beca, nossa eu ainda lembro da minha formatura...
- Mãe, vou tomar banho ta?!
- Eu acho isso um absurdo, a gente pagar um dinheirão com colégio e eles inventarem isso..
- Mãe eu já disse que agente podia escolher, e isso ta fora de moda, pelo menos no colegial, quando eu for pra faculdade a senhora vai à minha formatura, lá vai ter beca com certeza!
- É né, fazer o que, agora vai tomar seu banho.
- Ah e tem um presente pra você atrás do sofá!
- Presente? Pra mim?
Fui lá dar uma olhada, não tinha nada, quer dizer tinha uma coisa meio marrom no carpete...
- O Fred deixou isso ai pra você limpar.
- Aff mãe, por que a senhora não cata?!
- Limpa logo isso e deixa de história Rodrigo, eu adoro o Fred, mas você tem que ter responsabilidades com ele, foi você que disse que ele tem medo de ficar lá fora, e eu avisei tudo o que ele sujar você limpa!
- Ta bom, ta bom!
Peguei o “presente” do Fred com uma pá, arrastei o sofá, retirei o carpete, depois coloquei outro, pois o sofá de volta,e coloquei o Fred lá fora, na primeira noite ele chorou, hoje em dia já está mais que acostumado!
Fui pro meu quarto.
Meu computador ainda não era este, meu acesso a internet era da forma discada, meu PC só vivia desligado.
Fui tomar meu banho, e lembrei-me do muleque novo que havia chego à escola, que tinha vindo a minha festa e que era meu novo amigo...
Fiquei pensando tanta coisa.
Como por exemplo, a forma que ele sorria as coninhas que se formavam as piadas sem noção que fazia o cabelo liso escorrendo sobre a testa, as histórias que me contava, do lugar onde nasceu e viveu até seus 15 anos. Santa Cataria.
Dizia-me às vezes chorando que sentia muita saudade dos avós e dos primos, os amigos que lá ficaram, a escola onde estudara, a casa onde viveu toda a infância...
Falava-me que os pais não tinham uma relação muito boa e que a mãe dele não queria vir pro Rio de forma alguma, só que hoje está um pouco mais conformada.
Lembrei dos momentos de emoção, dos trabalhos jeito em conjunto, das vezes que não tínhamos o que fazer e ficávamos na biblioteca a toa, lendo os livros de ficção que tanto me encantam.
Das vindas a pé do colégio, do dinheiro que ao invés de ser gasto com passagem, era transformado em felicidade jogando
The King of Fighters, dos passeios de bicicleta, das mentiras contadas em conjunto, do tempo perdido discutindo coisas sem nexo, das vezes que disputávamos partidas no meu antes tão moderno Playstation, dos passeios com meus pais, das vezes que eu tentava dizer as coisas, do medo que ainda sinto, da distração que ele me faz passar sempre quando está comigo, das vezes que não vejo o tempo passar...

Sai leve do banho aquele dia, troquei de roupa. Deitei um pouco, peguei a mochila que estava ao lado da cama, olhei com carinho pro fichário remendado com arame, ele destruiu e ele “consertou”, fiquei olhando as folhas antigas, as matérias dadas me lembravam das aulas, me lembravam no menino que sentava a meu lado, eu usava um tênis Topper baixinho branco, me lembrava do relógio que ele usava no pulso esquerdo, do crucifixo de madeira que tínhamos em comu por termos completado a 1ª eucaristia, lembro da lapiseira 07 que ele nunca tinha grafite pra usar...
Fiquei olhando aquelas folhas, tentando decifrar meus próprios códigos, que eram escritos no rodapé das folhas de fichário...
Fiquei um tempo olhando essas folhas e nem percebi que o Léo estava sentado a minha frete.
Não lembro ao certo o que eu disse quando o vi, mas sei que a felicidade me invadia e me invade da mesma forma sempre que sei que ele está defronte a mim.
Descemos minha mãe sempre amorosa, parece que sabia da admiração que eu tinha por aquele muleque, depois da sobremesa ela foi lavar a louça e nós ficamos assistindo TV, depois fomos lá pra fora brincar com o Fred, que tinha toda a hiperatividade que um filhote deve ter, corria, tentava morder nossos calcanhares, era incansável.
Aquela noite minha, assim que meu pai chegou as 20:00 do trabalho, fomos levar o Léo em casa, mesmo sendo a apenas dois quarteirões de onde eu moro, minha mãe não achou prudente ele ir sozinho.
Seus pais estavam em uma boa fase, a gente entrou, meus pais ficaram na sala conversando com os pais dele.
Fomos pro quarto que até então ele dividia com o irmão que é 4 anos mais velho, uma cama de madeira com outra de correr por baixo, uma escrivaninha, muitos livros, um computador preto ( nessa época a maioria dos PC’s tinha a “lataria” branca), roupas espalhadas, um quarto de meninos bem normal.
Não lembro sobre o que falamos, só lembro que falamos bastante, aquele dia ele me deu um livro, No limiar da Justiça, um livro de aventura, intenso, gostei bastante.
Acabamos descendo por que mãos uma vez não vimos o tempo passar, cheguei na sala e me surpreendi, meus pais ainda estavam em um animado papo regado a cerveja e sorrisos, ficamos um tempo assistindo televisão, e lá pras 00:00 fomos pra casa.

O Fred dormia calmamente em sua “casinha de cachorros”...


...


Ontem fiquei No MSN até 23:00, meu pai é muito paranóico com isso, entrou no quarto e mandou eu desligar, me despedi do Lux e o deixei falando com o Léo, nem sei o que falaram...

Hoje acordei as 07:00 da manhã, muito cedo pra mim, mas mesmo com ar-condicionado, não suportei o calor, meu pai sai pra trabalhar as 04:00 da manhã por que ele trabalha em Niterói, é engenheiro, levantei, e me surpreendi com meu pai em casa, sentado no sofá com uma cara estranha, peguei o Jornal na mesa, e fui na cozinha comer alguma coisa, minha madrasta me olhou com um misto de pena, e alguma outra emoção que não decifrei de pronto.
Quando ia abrir a porta da cozinha, minha madrasta me chamou com uma voz cansada, meio chorosa e disse pra eu ir pra sala, eu fiquei olhando pra ela confuso por um tempo e disse que ia só dar “bom dia” pro Fred. Ela quase gritou e mandou eu ir pra sala, ta tudo bem, eu não ia discutir com uma mulher descontrolada...

Fiquei fazendo Nescau e a Claudia chorando baixinho fingindo que tava varrendo um lixo inexistente e bloqueando a porta da cozinha, eu ri baixinho, e fui pra sala segurando “O GLOBO”.

- Pai a o que aconteceu com a Claudia? Vocês brigaram foi? Por que o senhor não foi hoje trabalhar? Ta de folga?
Meu pai me olhou com os olhos vermelhos e falou.
- Filho, o pai não conseguiu trabalhar hoje.
- Ué? Por que aconteceu alguma coisa? Cadê a Julia?
- Tá dormindo ainda...
- Então fala pai o que aconteceu?
- Lembra quando a gente ainda morava no apartamento, e que o pai não tinha feito essa casa ainda?
- Claro que lembro pai...
-... E lembra do hamister que você tinha?
- Lembro claro que eu lembro do...
- Lembra que o pai dizia que não podia te dar um cachorro por que não tinha espaço e os vizinhos iam reclamar?
- Lembro, eu implorava e vocês sempre falavam que num dava e não sei o que lá...
- Filho o pai construiu essa casa aqui pensando em você, pra você ser feliz, é sua e da Julia, eu vi que você tava crescendo, eu e sua mãe ficamos tão bem quando ela ficou pronta, vc ganhou um quarto maior e tudo o mais...
-...Pai fala logo! Vocês vão vender a casa é isso por que se for...
- Ai depois da casa pronta veio o Fred, pequenininho eu e sua mãe fomos no shopping comprar, o nome da loja era “Empório”, ele ficou batendo as patinhas pra gente, tava numa gaiola de vidro, era uma bolinha cor de caramelo, assim que a gente viu, eu falei pra sua mãe, é esse!
Quando você viu o Fred, ficou todo bobo, começou a chorar, colocou nele o mesmo nome do personagem do desenho que você gostava os “Flintstones”...
Meu pai começou a chorar...
- Pai, para cara, o que houve? Onde ta o Fred?
- Hoje quando eu sai pra trabalhar, eu achei estranho que ele num veio correndo pra poder me sujar como ele sempre fazia, filho, o Fred...
- Não pai, para o Fred, o Fred ele não morreu, O Fred não...
Foi minha vez de começar a chorar, não só na hora, agora também, eu não acredito...
- Aonde ele ta pai? Aonde ta o Fred cara?
- Eu levei ele, coloquei no porta mala e levei
_ levou? Pra onde? A gente tinha que enterrar ele pai, a gente tinha que enterrar o Fred, nossa como assim ele morreu? Dia desses mesmo ele tava ai, eu briguei com ele, eu não acredito, que quero o Fred...
Eu me desesperei, eu pai chorando, minha madrasta chorando..
Fui lá, fora, olhei a coleira dele, os ossos de borracha, tudo a casinha de madeira...
Eu não tava acreditando, por que o meu cachorro?
Por que, o Fred? Ele já tinha 6 anos, mas ainda era esperto, me fazia me sentir feliz, erra sadio...
Sai na rua, sem pentear o cabelo, sem nada, fui andando até o parque lage, um parque florestal que tem aqui no jardim Botânico, sentei num banco, chorei tudo o que eu poderia chorar, agora são 10:00 da manhã, o sol está lindo, segunda vez que eu perco alguém, e o tempo nunca condiz com meus sentimentos!

Bem gente, desculpem os erros ortográficos, vou ficar um tempo sem dar as caras por aqui, sem entrar na net, foram tantas horas aqui, tanto tempo que o Fred ficou sozinho lá em baixo, sem proteção, naquele quintal frio, sozinho... A noite, eu quase nunca o levava pra passear, e ele gostava tanto da praia, eu tinha esquecido ele, o meu Fred!

Bem meus colaboradores estão ai, eles vão tocar o Blog por esses dias...


Obrigado a todos, o Rodrigo aqui não ta conseguindo escrever direito, desculpem os erros ortográficos, desculpem as falhas, mil perdões!


Abraço!


Onde Você estiver, eu sempre rezarei por vc!

6 comentários:

  1. Rodrigo meu amigo, eu sinto muito por isso. Sei o qto é importante um amigo assim... Compreendo perfeitamente sua tristeza. Rezarei pra td ficar bem.. Ele tá lá em cima vendo vc e torcendo por sua felicidade. Pode contar comigo sempre. Te adoro! Bjo no seu coração!

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  2. O.o
    Xuxu, eu não sei nem o que falar.
    Poderia dizer q entendo pelo que você está passando, mas nossos sentimentos nessas horas são tão únicos, tão pessoais que dificilmente uma pessoas entenderia pelo que a outra passa.
    Saiba que se precisar de uma amiga eu sempre estarei aqui.
    Bjus meu lindo.

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  3. Rodrigo, não sei dizer o quanto sinto, porque é evidente que o meu sentimento nem se compara ao seu. Somente as pessoas envolvidas em uma situação de dor como esta, sabem o quão sofrida e angustiante são as lembranças de alguém (ou algo) especial que infelizmente partiu. Mas a vida é assim...muitas vezes não encontramos respostas... Então, procure não pensar no que você não fez pelo Fred...pense no bem que você fez a ele! Lembre dos momentos felizes que vocês viveram juntos! No começo será muito difícil superar o vazio causado pela perda, no entanto o tempo se encarrega de curar essa ferida. Com o tempo, o amor das pessoas ao seu redor vai cicatrizando essa marca. E o Fred...O Fred estará sempre perto de você, nas suas lembranças e no seu coração!

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  4. Rody Nossa m, euu nem seii o que falar nessa hraa taooo tristee praa e paraa todaa suaa familiaa ,
    Euu queroo que vc saibaaa que todos os momentoos que o seuu Garndee Amigoo Fred te proporcionouuu ficaram guaradados , que vc sempree lembree deleee com alegriaaa e nw com tristezaaa!!

    Eleee certamenteee nw iaa gostaa de ter ver tristeee!
    Fiqueeee Bem , esperooo que Deus consolee seuu coraçaoo nessa hraa!

    Euuu estareii orandooo por você, que Deus possa estender suaa maoo poderosaa sobree vocee


    Um Grandee Abraçaooo! :D

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  5. Nossa que surpresa!!!E triste!!!
    Força Digo!!!

    Quando criança tb sofri um bocado por q tinha um cachorro - pastor alemão- e íamos mudar de casa e não,podiamos levá-lo pois era muito grande. Então meu pai cismou de dar ele, não havia jeito. Uma senhora que ele conhecia disse que levaria ele para um sítio no interior onde ele teria espaço, mesmo assim eu sofri muito. Então quando cheguei da escola cadê meu cachorro, meu pai já havia levado ele embora - não sei se foi melhor assim sem eu me despedir dele, acho q não conseguiria. Mas mesmo assim me senti pessimo, pensando em todas as coisas q deixei de fazer com ele, pra ele e agora eu nunca mais veria ele de novo.

    Fica com deus cara!!!
    Bjus!

    Arauto Brasil

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  6. Voce e eses da fotu? com asa de anju?

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